O Pintor
Sento-me aqui, mais um dia. Quão cruel se tornou esse dia, a chuva lá fora só piora e o a solidão está de mãos dadas comigo nesse segundo.
Todos me viram pela manhã assim que saí no portão para ver como o dia seria dali adiante. Logicamente, eu poderia me vestir melhor, poderia ter olhado da sem precisar pisar numa calçada, talvez até ligar os noticiários; mas eu queria apenas sair, olhar para o céu, e esperava que não fossem me olhar como uma pessoas preguiçosa ou desarrumada (eu não consigo imaginar o que pensam quando veem alguém assim), queria apenas sair e enquanto eu olhava para os lados naturalmente, não tivesse ninguém, eu olharia para cima, veria as nuvens e tentaria prever como estaria horas depois, olharia para os lados novamente, talvez perderia alguns minutos, e entraria novamente. Eu queria caminhar no parque no fim da noite, e estou ainda estou me preparando para concluir a tela que mantenho na garagem.
Eu tenho digamos, o meu ritmo para pintar, concluí os dois primeiros quadros da nova coleção ontem, ainda me sinto anestesiado pela conquista e hoje, estou diante do monstro que me aguarda adiante, na minha garagem. Tela grande 46x38, risquei ontem mesmo o que possivelmente usaria; um gramado; uma maçã e uma caveira, provavelmente viraria um Vanitas, mas ainda é cedo para dizer.
A coleção foi vendida para Giorgio, um grande amigo e que recentemente entrou no âmbito das artes, não para criar, mas para comercializar. Eu não venderia meus quadros, morreria, mas não os venderia, seus vícios em jogos e em mulheres baratas me agradeceram, pois consegue nós dois temos um bom lucro com o que vende. Sem esquecer de que é um ótimo vendedor, já criei quadros que não eram meus, já pintei bêbado, deixei uma mulher enraivecida pintar umas de minhas telas e ele sempre voltava para pegar a próxima, e falava que achou maravilhosa. Hora ou outra ele para aqui por alguns minutos, fala de seus...